quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ela

Mais uma vez naquele metrô, o tédio e o desanimo em sua vida ultimamente só vinha aumentando...
Seus olhos, mais fundos impossível, as olheras suas companheiras, agora faziam parte de sua face.
As pessoas que antes não viam ninguém, agora ja podiam ver em seus olhos que havia algo de errado com aquele rapaz... mas só agora?
Em algum canto do metrô sempre havia alguém olhando para ele, e comentando algo.
Os papéis se inverteram, antes era ele que observava tudo atentamente, estudava, analisava, mas algo aconteceu, as coisas não pareciam mais tão interessantes como antes.
Com seus braços sobre a mochila, abraçando-a como se protegesse algo precioso, estava sentado de frente para a janela do outro lado, ouvindo sua música no fone de ouvido, e o olhar perdido em algum lugar no infinito à sua frente.
O túnel do metrô, que antes poderia estar escondendo seres fantásticos, agora era só uma parede cinza e suja, feita de cimento, onde vez ou outra se podia ver uma lâmpada ou outra.No que o garoto estava pensando? Que músicas ouvia? O quão longe estavam seus pensamentos e por onde passeavam? O que sugou sua essência desta maneira?
O primeiro vagão sai do túnel, haveria alguma luz? Não é este o ditado popular? "Há sempre uma luz no fim do túnel?".
É hora do segundo vagão sair de sua toca...Não tem nada lá...Neste horário nem o sol está presente mais.
Terceiro vagão...A música acabou, o garoto tira o MP3 do bolso... O trem está completamente fora do túnel e está parando.O rapaz passeia com os dedos sobre os botões do MP3, outra música, outra, a próxima... para...Algo volta à sua memória. O MP3 volta para o bolso, e seus olhos lentamente para a janela.
Sua surpresa é enorme ao avistar aquela garota. Na plataforma, do outro lado da estação, estava ela, de cabelos lisos e pretos olhano diretamente nos olhos do rapaz. Linda, estava linda!
Com seus braços para traz e usando um grande vestido preto com babados e rendinhas, uma graça de sapatilhas pretas esfregando o chão com a ponta de um dos pés.Um leve sorriso enfeitava seus lábios rosados, que contrastavam um pouco com sua pele clara.
Devagar ela solta os braços, a feição do rapaz muda, um olhar com um toque de desespero e angústia surge. As mãos da menina agora juntas na frente do corpo quase somem em meio à tantos babados e rendas.
Ele tenta falar algo...Rapidamente ela leva o indicador aos lábios..."Shhh" ele ouve em sua alma. Ela balança suavemente a cabeça sabendo o que ele ia dizer, seus cabelos balançam graciosamente.
As portas do metrô se fecham. Ela lança um beijo, sorri, acena um leve adeus, se vira, e corre...

O garoto com um nó na garganta tenta impedir, mas ela some em meio à multidão.

Ele fecha os olhos, encosta no banco e pensa...respira fundo, olha pela janela e ve a cidade la fora...Algo mudou em seu olhar, um esboço de sorriso surge, havia desaprendido, e um brilho em seu olhar reaparece...

Próxima estação...

2 comentários:

  1. É impossível, Douglas, não imaginar você na posição deste personagem desiludido. Qual é seu medo agora que se foram os monstros do metrô?
    Continua!!!

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  2. ahahahahah
    sem monstros do metro Diego...não sei tava lá no metro e brisei nesse continho ai...n sei se tem algo de mim rrsrsrs


    Como assim eu sou/estou desiludido? \"....

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